Um dos principais fatores de riscos que podem levar aos problemas cardiovasculares e impactar outras doenças é o sedentarismo. “Imagine que o exercício físico fosse uma medicação e as pessoas que a utilizassem, regularmente, fossem premiadas com 30% na redução da chance de morrer? Alguém se daria ao luxo de não utilizar essa medicação?”, questiona o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Rio Grande do Sul (SOCERGS), Luis Beck da Silva Neto.
A partir desse comparativo didático e provocativo, o especialista demonstra que a atividade física está disponível para todos os públicos como apoio tanto para a saúde do corpo quanto da mente. Segundo ele, até a caminhada de baixa intensidade é um hábito com grandes benefícios: dez minutos de caminhada poderia ter até 15% no declínio da mortalidade. “Basta colocarmos um tênis e sair caminhando”, convida.
Dr. Beck incentiva a prática de exercícios ao ar livre mas, também, considera outros sistemas regulares de atividades físicas com bons resultados, como o apoio de um treinador, academia ou uma esteira em casa.
Um ganho importante associado ao exercício físico é a diminuição de 30% a 40% nas chances de desenvolvimento da síndrome metabólica ou diabetes tipo 2 – um dos fatores de risco mais relevantes no surgimento da doença cardiovascular, infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças vasculares.
Dizer adeus ao sedentarismo, continua o médico, pode reduzir até 20% o risco de câncer de mama nas mulheres, além de 30% das chances de aparecimento do câncer de cólon. “Quanto estaríamos dispostos a pagar por um medicamento capaz de diminuir significativamente esses níveis?”, desafia o vice-presidente da SOCERGS.
Home Office e o sedentarismo
O diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Dr. Leonardo Martins Pires lembra ainda que o trabalho em home office, uma prática que aumentou após a pandemia de Covid-19, piorou mais ainda a regularidade do exercício físico. “A atividade física tem importante impacto na saúde do coração. A pandemia parece ter deixado praticantes de exercício físico ‘bloqueados’, não conseguindo retornar a esse saudável hábito”, alerta e complementa: “Faz-se necessário os médicos se empenhem em retomar a orientação e prescrição de atividades físicas no pós-pandemia para seus pacientes.”
Dr. Martins Pires lembra que antes da pandemia, com as pessoas se utilizando dos transportes tradicionais, a caminhada já era reduzida, mas, “até este pouco deslocamento foi anulado no modelo home office”.
O diretor científico da SOCERGS reconhece que as longas jornadas de trabalho dificultam a prática dos exercícios físicos. “Não há tempo para uma prática de atividade física durante a semana”, diz. Contudo, reitera que não fazer exercícios físicos é um impacto muito negativo para a saúde das pessoas. “A falta de atividade física traz aumento de fatores de risco como hipertensão, diabetes, colesterol alto, infarto e derrame.”
Se apenas sobram motivos para fazer exercícios físicos, como também os médicos da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Rio Grande do Sul orientam que há uma variedade de modalidades que podem ser escolhidas. “Sabe-se hoje em dia que qualquer atividade física é válida. Encontre a sua preferida e vá em frente!”, aconselha o Dr. Leonardo Martins Pires.