Isso porque a Emater-RS/Ascar ampliou a estimativa apresentada pelo setor da vitivinicultura gaúcha no início deste mês.
Os dados da extensão rural, divulgados nesta quarta-feira, dia 22, apontam para uma produção de 860 mil toneladas de uva, 55% acima do obtido em 2024, quando os parreirais sofreram com as chuvas e com a umidade.
Os números da Emater-RS, no entanto, são contestados pelo presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Luciano Rebellatto.
Em previsão anterior, Rebellatto indicou uma colheita de 700 mil toneladas, 45,83% acima das 480 mil toneladas do ciclo 2023/2024. Nesta quarta-feira, Rebellatto disse que o setor, incluindo a indústria, mantém o prognóstico anterior.
“Não sei qual a fonte da Emater. Os dados que temos como fonte é o Sivibe (Sistema de Informações da Área de Vinhos e Bebidas, do Ministério da Agricultura e Pecuária). É uma fonte declaratória do produtor de uva”, disse Rebellatto.
O presidente do Consevitis-RS salientou que o sistema não considera a produção doméstica de uva.
“No nosso levantamento, não entra aquele pé de parreira que tem nos fundos de uma casa na cidade”, afirmou.
O cálculo da Emater-RS contempla a fruta com destinação comercial, ou seja, para transformação industrial (745 mil toneladas), doméstica (15 mil toneladas) e para consumo in natura (100 mil toneladas).O levantamento da Emater-RS foi realizado em 55 municípios, 49 dos quais da região de Caxias do Sul e seis das regiões administrativas de Lajeado e de Passo Fundo.
Desenvolvimento surpreendente
“A colheita da variedade mais cultivada na região, a Bordô, que deveria acontecer em fevereiro, foi antecipada em 20 dias, o que indica que a Vindima poderá encerrar no final do mês de fevereiro”, afirma o texto divulgado pela Emater-RS. De acordo com a entidade, as cultivares super precoces e precoces apresentaram ótima sanidade das bagas, coloração e teor de açúcar.
“Mantendo-se as condições climáticas semelhantes às atuais, as variedades de ciclo médio e as tardias (Cabernet Sauvignon, Moscatos, Isabella) deverão apresentar a mesma qualidade”, acrescenta a Emater-RS.
O engenheiro agrônomo do Escritório Regional da Emater de Caxias do Sul, Enio Ângelo Todeschini, destaca que a evolução da safra 2024/2025 é surpreendente, em razão do excesso de precipitações no outono e inverno, que manteve o solo saturado de água por quatro meses.
Na avaliação de Todeschini, era de se esperar uma safra deficiente. O que ocorreu, no entanto, foi uma ótima brotação, fertilidade dentro da média e tamanho e peso dos cachos acima da média.
Independentemente da discórdia em torno dos números, Rebellatto também ressaltou a qualidade da uva da safra atual.
“As uvas estão muito sadias. O clima seco vai propiciar uma maturação perfeita, como se confirmou nas que foram colhidas. O consumidor pode aguardar excelentes vinhos, espumantes e sucos. A safra 2025 terá uma particularidade na sua excelência de uva e derivados”, afirmou Rebellatto.