Um prédio de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul, desabou na manhã desta quinta-feira, dia 23. O edifício fica no bairro Três Pinheiros. Todos os moradores do local já haviam sido desalojados no domingo, dia 19 e, de acordo com a prefeitura do município, não houve registro de feridos.
Desde quarta-feira, dezenas de moradores de Gramado tiveram que deixar suas residências após o surgimento de rachaduras no solo de diversos bairros do município durante as chuvas que caem sobre o estado desde o fim de semana.
Prédio fica perto de ponto turístico
O prédio que caiu nesta quinta fica em cima do morro e já era dado como condenado. Devido à instabilidade do solo, segundo as autoridades, não foi possível fazer a implosão da edificação sem correr o risco de causar danos maiores.
O Residencial Condado Ana Carolina é um prédio residencial que fica na encosta do Vale do Quilombo, área verde com picos de até 850 metros, a cerca de 10 minutos do centro da cidade. O prédio é cercado por pousadas e hotéis de luxo. Um dos principais pontos turísticos de Gramado, o Lago Negro, fica a cerca de duas quadras do local onde estava o prédio desabado.
Todos os moradores do bairro já haviam saído de casa antes do desabamento. Segundo a prefeitura de Gramado, 31 pessoas estão em um abrigo montado no ginásio da Escola Senador Salgado Filho e o restante em casas de familiares e conhecidos.
Moradores vão solicitar uma perícia para tentar identificar o que causou rachaduras
Os moradores do bairro Piratini vão solicitar uma perícia particular para tentar identificar o que causou rachaduras em residências da cidade após fortes chuvas. O advogado Aldairton Carvalho, que representa na Justiça os moradores do bairro Piratini, esteve reunido com parte deles nesta quinta-feira. De acordo com ele, as chuvas contribuíram, porém as rachaduras foram potencializadas por obras da Prefeitura, que há oito meses estaria dinamitando rochas que atrapalham a abertura de uma rua.
“Há uma narrativa do poder municipal de uma catástrofe natural ocasionada pelas chuvas. Acreditamos que houve, sim, uma ação humana incisiva. São mais de 30 casas atingidas. O Plano Diretor de Gramado não permite construir prédios altos, então as construtoras fazem grandes subsolos em que só dinamitando mesmo, porque nosso solo é muito rochoso”, explicou ele.
Conforme o advogado, a Câmara Municipal está instalando uma comissão especial para apurar o caso, e o escritório vai protocolar ainda nesta sexta-feira ofícios ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), à Agência Nacional de Mineração (ANM) e ao Ministério da Defesa, “visto que dinamite deve ser fiscalizado pelo Exército”, disse ele. “Vamos trazer todos estes entes para Gramado para verificar o que está acontecendo”.
Pereira disse que não estava em casa no sábado, mas relatou que sua mulher afirmou ter ouvido diversos “barulhos de explosões, que pareciam tremer a casa toda” durante a última ocorrência. “Os vizinhos saíram de casa, em pânico”, comentou.
Procurada, a Prefeitura de Gramado não se manifestou sobre as falas do advogado.
Rachaduras na cidade
Desde quarta-feira, rachaduras vem aparecendo nas ruas de Gramado. O Serviço Geológico do Brasil avaliou a situação nos bairros Três Pinheiros e Planalto, além de locais como Perimetral e Ladeira das Azaleias, onde há rachaduras no solo e risco de queda de barreiras, de acordo com a prefeitura.
Um relatório será elaborado para direcionar a tomada de decisão do município.
A prefeitura de Gramado ressalta que “a instabilidade do solo segue, e o episódio do colapso é apenas uma das situações de risco”. Portanto, o local onde estava o prédio e o bairro Três Pinheiros seguem isolados.





Fonte: G1