Estiagem continua atingindo mais municípios gaúchos

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A estiagem que atinge boa parte do Rio Grande do Sul já motivou mais de 70 municípios a decretarem situação de emergência e este número poderá ultrapassar de cem. A estimativa foi debatida, ontem, no Fórum Permanente de Combate à Estiagem, instituído pelo governo do Estado e realizado na sede do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), em Porto Alegre. O encontro reuniu representantes do governo e de entidades ligadas ao campo para discutir medidas de curto, médio e longo de enfrentamento à seca que ocorre desde novembro.

Capitaneado pela Casa Civil do RS, o Fórum aconteceu após reunião do governador Eduardo Leite com o seu secretariado no Centro Administrativo, horas antes. O chefe do Executivo do RS, que não esteve no evento na sede do Daer, pediu que cada secretário elabore, nas próximas semanas, um plano de ações em suas respectivas pastas para minimizar a estiagem. A preocupação do governador é que o campo não sofra, assim como os animais, e que não haja desabastecimento, tanto de água e comida, tanto para produtores quanto para consumidores finais..

“A ideia é ouvir os representantes das entidades que estão na ponta do problema. Temos indicadores deperdas, principalmente de milho, e isso tem reflexo na cadeia produtiva”, explicou o secretário da Casa Civil, Artur Lemos. “Podemos adiantar que a solução definitiva será a partir de um planejamento de médio e longo prazo. Estamos, ainda, debruçados a discutir algumas medidas de curto e curtíssimo prazo”, pontuou.

Além da Casa Civil, compõem o colegiado as secretarias da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação; de Desenvolvimento Rural; do Meio Ambiente e Infraestrutura; de Obras Públicas; e de Planejamento, Governança e Gestão. Assembleia Legislativa, Casa Militar e Emater também integram o Fórum. “Todos os anos temos estiagens de características diferentes, essa começou mais cedo. Por conta disso, o milho sofre mais pois, aquele plantado em setembro, estaria em fase de florescimento, um período de maior necessidade hídrica”, explanou o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri. Com o problema da falta de chuvas, a cultura da soja e o leite também passam por percalços, segundo ele. “Ao menos, a soja tem um período maior de recuperação”, pondera Rugeri.

Diversas entidades representativas participaram do Fórum, entre elas, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Presidente da instituição, o prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno, relatou sobre a organização das cidades gaúchas para enfrentar a estiagem. “Devemos ter um crescimento exponencial nos pedidos de situação de emergência. Deve passar de cem municípios ainda esta semana”, projetou. Salerno citou a importância do Estado contribuir com ações efetivas. “Pedimos ao projeto Avançar RS a priorização dos poços em vez de cisternas, neste momento. Outra ideia é realizar algumas melhorias via consórcios para mais celeridade. Perfurar o poço e encontrar a água já é importante para o abastecimento humano, assim coimo abertura de valas para facilitar a irrigação”, sugeriu. Segundo o presidente da Famurs, as regiões Central e Norte do RS são as mais afetadas.

Além da quebra imediata no faturamento do campo, a situação causa aflição em outras cadeias de produção. O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, lembra que o cereal é a base da alimentação das aves, e que a necessidade de importação acarreta em aumento de preço. “Sem a água, não conseguimos ter uma criação uniforme. O setor busca recursos, com poços artesianos e outras fontes de abastecimento. Mas há outro problema, no ponto do suprimento. Somos deficitários, historicamente, no milho. Por isso, os custos do produtor não baixam nunca. Já tivemos uma dificuldade durante a pandemia, quando o preço da saca passou de R$ 46 para R$ 110”, ressalta.

Ainda participaram do Fórum representantes da Federação da Agricultura do Estado do RS (Farsul), a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do RS (FecoAgro/RS), a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do RS (Fetraf-RS), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag-RS), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Ocergs Organização Sindical e a União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

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