O Big Brother Brasil estreou na TV Globo na segunda-feira, dia 16 de janeiro, em apenas uma semana de programa os telespectadores estão acompanhando episódios de violência e abuso psicológico protagonizados pelo casal Gabriel e Bruna Griphao. Em um dos diálogos do casal, é possível notar as falas em tom de ameaça do rapaz. Em um diálogo ocorrido no sábado, dia 21, o casal estava conversando e Bruna fala ‘Eu sou o homem da relação’. Gabriel reponde com a seguinte frase: ‘Mas já já você vai tomar umas cotoveladas na boca'”.
A psicóloga Anni Breitembach explica que é possível notar que eu relacionamento é abusivo, quando uma das partes envolvidas no relacionamento exerce poder e influência sobre a outra, diminuindo-a e prejudicando sua saúde mental como um todo. “Como foi explicitado no BBB, por vezes, quem está de fora consegue claramente perceber. Ao contrário do que muitos pensam, relacionamento abusivo não resulta, exclusivamente, de violência física. Pode ocorrer de forma sutil, inicialmente, e se manifestar de forma patrimonial, psicológica, moral e sexual”, explica a psicóloga.
Anni explica que existem diferenças entre relações tóxicas e abusivas. De acordo com ela, relacionamentos tóxicos podem ocorrer em qualquer tipo de relação, não apenas afetivas. Não há uma intencionalidade na prática. Já o relacionamento abusivo apresenta uma intencionalidade, onde um sempre procura obter algo sobre o outro. “Resumindo, o relacionamento tóxico é um adoecer da relação; já o abusivo trata-se de relação de poder, onde quase sempre se extrai algum ganho”, revela.
O que é violência psicológica?
Quando se pensa em violência, geralmente, associasse a atos violentos e agressões físicas. Em um primeiro momento, dificilmente, a violência psicológica é pensada como um tipo de violência. Em muitos casos ela é justificada como “ações mal pensadas”, ou que faz parte da personalidade “forte” do agressor. No entanto, esta forma de violência, é tão tóxica e prejudicial quanto a violência física. Ela causa feridas emocionais profundas nas vítimas, as quais levam muitos anos para cicatrizar. É importante destacar, ainda, que as agressões psicológicas podem ocorrer em qualquer tipo de relacionamento. Entretanto, é mais comum que elas sejam percebidas em relações afetivas.
Formas de agressões psicológicas
As agressões psicológicas acontecem de variadas formas, podendo ser mais violentas ou mais sutis. Como a diversidade de ações violentas é grande, a vítima pode ficar confusa ao tentar identificar o que é problemático e o que é da personalidade do agressor.
Quando o agressor é o cônjuge, obter essa percepção é ainda mais complexo já que a vítima possui sentimentos bons por ele. Ela tem dificuldade para separar o que sente pelo agressor no momento do julgamento das agressões. Assim, leva mais tempo para chegar à uma conclusão concreta sobre o comportamento do parceiro.
Anni explica que os tipos de violência psicológica giram em torno de ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes), vigilância constante, perseguição, insultos, entre outras situações. Ela destaca que as causas dessas agressões, giram em torno do alcoolismo, ignorância e desconhecimento, educação deficiente, falta de inteligência emocional, insegurança, dificuldade de controlar seus impulsos, de ter empatia e de compreender os outros, drogadição, entre outras coisas.
Consequências da violência psicológica
Conforme as agressões psicológicas se repetem, a vítima ao mesmo tempo fica com medo do agressor e com autoestima baixa. A autodepreciação impede que ela termine a relação abusiva. A vítima de violência psicológica começa a duvidar da sua própria capacidade de julgamento das situações e do seu merecimento da felicidade. O agressor psicológico comumente consegue fazer a cabeça dela, criando um laço de dependência difícil de ser quebrado.
Consequentemente, a vítima se anula, se diminui e se isola de pessoas queridas. Outras esferas da vida da vítima também são afetadas. Ela deixa de trabalhar com afinco, de contatar amigos, de sair de casa (quando divide a moradia com o agressor, é comum que isso aconteça), de cuidar da saúde e da aparência, de fazer planos, entre outras.
Anni explica que o primeiro passo para sair de uma relação abusiva é tomar consciência de que está nela. “Primeiro a pessoa precisa tomar consciência, posteriormente, ela precisa entender seus direitos e buscar uma rede de apoio que possa contar, juridicamente, socialmente e psicologicamente e aos poucos retomar essa confiança que foi destruída pela relação”, revela.
Além disso, é possível e necessário denunciar esse tipo de violência. “Desde agosto de 2021, a violência psicológica contra a mulher é considerada crime. Diferente da violência física, que deixa marcas visíveis no corpo, o abuso psicológico não é evidente. Um laudo técnico assinado por médico ou especialista será necessário. Testemunhas, áudios, prints de mensagens também são válidos. O primeiro passo é registrar o boletim de ocorrência. Solicitar medida protetiva, além de tentar reunir essas evidências”, finaliza.
Colaboração: Almeri Angonese/O Estafeta
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