Cerca de 20 mil brasileiros morrem por ano em consequência da automedicação

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Cerca de 20 mil brasileiros morrem por ano em consequência da automedicação. A estimativa é da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma). E uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia aponta que 77% das pessoas têm esse hábito de tomar remédios por conta própria no país, sem a indicação de um médico ou de um farmacêutico.

Mesmo até quem deseja tomar um simples remédio para dor-de-cabeça ou um antigripal deve ficar atento, pois se a pessoa já faz uso de outros medicamentos controlados para a pressão ou depressão, por exemplo, eles podem interagir e perder o efeito. Ou pior: a potência de um dos remédios pode ser amplificada com a mistura e o paciente pode ficar intoxicado.

Este quadro é chamado de interação medicamentosa e levou 1,7 milhão de brasileiros a procurarem atendimento ambulatorial, em 2022, com algum problema de saúde relacionado ao uso incorreto de medicamentos, segundo o Ministério da Saúde.

“A questão do acúmulo de medicamentos acontece devido a alguns deles influenciarem as enzimas hepáticas que metabolizam outros remédios, causando concentrações anormais no organismo; potenciais reações alérgicas; riscos cardiovasculares; problemas no sistema nervoso central, gerando sedação excessiva e confusão mental; desenvolvimento de resistência a certos tratamentos, especialmente em casos de antibióticos e antivirais; e em casos mais graves, riscos de morte”, alerta a médica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima.

E cada mistura de medicamentos provoca um sintoma diferente no organismo, segundo a médica. “A interação entre os medicamentos controlados e os de venda livre (como antigripais e paracetamol) pode ser complexa e potencialmente arriscada. No caso dos antigripais, muitos contêm uma combinação de ingredientes, como descongestionantes, anti-histamínicos e analgésicos, que interagem com medicamentos controlados, como aqueles para estômago e pressão, causando efeitos colaterais indesejados ou que podem alterar a eficácia do tratamento”, explica.

Interações de remédios controlados com o paracetamol também podem ser perigosas, mas não são tão comuns. “O paracetamol é um analgésico e antitérmico comum, frequentemente utilizado para tratar sintomas de gripes e resfriados. Ele não costuma ter interações graves com outros medicamentos, mas, em doses altas por um longo período de tempo pode causar intolerância ou afetar o fígado”, aponta a especialista.

Interações

Uma das interações medicamentosas mais comuns ocorre durante o uso dos antiácidos, aqueles remédios para combater a queimação estomacal.

“Os antiácidos, por alterarem o nosso PH gástrico, vão interferir na absorção de muitos medicamentos. Então eles podem tanto aumentar quanto reduzir o efeito de muitos remédios. É mais comum reduzirem o efeito de muitos medicamentos”, explica a professora de Farmacologia da UNA, Williane Mendes.

Pessoas que fazem uso contínuo de remédios para o controle de diabetes também estão mais sujeitas a interações medicamentosas, segundo a especialista.

“Outra interação muito comum também é o uso de corticóide e antidiabéticos. Corticóides como prednisona e prednisolona vão aumentar a glicemia e aí se a pessoa já é diabética, já usa antidiabético, pode ter um descontrole glicêmico pelo uso desses medicamentos”.

Misturar antibióticos e contraceptivos orais também é comum e pode ser perigoso. “Muitos antibióticos podem reduzir o efeito de contraceptivos orais e a pessoa pode vir a ter então uma gestação indesejada”.

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