Uma iniciativa que visa garantir a permanência estendida e assistência às mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade atingidas pelas enchentes foi lançada nessa semana em Porto Alegre. A Casa Violeta, um espaço de acolhimento com capacidade para receber até 190 pessoas, iniciou as suas atividades na quarta-feira (29).
A iniciativa do governo do Estado surgiu a partir da necessidade de acolher essa parcela da população durante o período transitório, de até um ano, e teve condução do médico pediatra e marido do governador Eduardo Leite, Thalis Bolzan, e da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), com a gestão da Me Too Brasil e do Instituto Survivor.
Durante o mês de maio, uma força-tarefa foi estabelecida para acelerar a criação desse espaço específico, instalado em um prédio do município, cedido ao governo do Estado desde 2009, no bairro Rio Branco. Bolzan destacou o reforço recebido a partir de parcerias e voluntariado, fundamental para dar andamento à iniciativa.
“Esse trabalho é fruto de um conjunto de esforços, feito por muitas pessoas engajadas em colocar em funcionamento essa casa de acolhimento. Além do poder público, tivemos o suporte constante de parceiros e voluntários que nos ajudaram a tornar isso realidade e nos auxiliaram a captar as demandas das mulheres em abrigos. Assim, conseguimos garantir um atendimento qualificado para todas que buscarem a Casa Violeta nesse período difícil para o Rio Grande do Sul”, disse.
Após várias visitas em outros abrigos, foi identificado a necessidade de ter um lugar de permanência estendida. Além disso, todas as iniciativas implementadas na Casa Violeta são respaldadas pelas políticas públicas estaduais e municipais.
A instituição Comunitas, por meio de um acordo de cooperação com a SJCDH, forneceu apoio técnico, material e operacional na instalação da estrutura inicial da casa de acolhimento. Itens como roupas, colchões, macas, produtos de limpeza, máquinas de lavar, lixeiras, alimentos, brinquedos e rações foram obtidos por meio de doações, com o apoio de voluntários e parceiros.
O público-alvo são mulheres em condição de vulnerabilidade social e que foram atingidas pelas enchentes, com filhas de até 18 anos incompletos e filhos de até 12 anos incompletos. Além disso, cães e gatos de estimação poderão ser levados para o local, onde terão um espaço reservado, com casinhas e camas, e atendimento veterinário.
Com o objetivo de fornecer um local de permanência estendida, a Casa Violeta tem uma estrutura completa e espaços destinados ao bem-estar das mulheres e crianças. Ela conta com 14 dormitórios, identificados com os nomes de mulheres que atuaram no trabalho voluntário em ações de auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
No espaço, há brinquedoteca, fraldário, espaço multiuso, salas de capacitação, de bem-estar e de atendimentos especial e psicológico, refeitório, cozinha, depósito, consultórios, farmácia, almoxarifado, lavanderia, espaço pet, sala administrativa e espaços para armazenamento de alimentos, itens de limpeza e roupas.
O governo do Estado fornecerá serviços de apoio, como limpeza e conservação, manutenção e serviços gerais, além do custeio de água, luz, gás e internet. O Estado também contratou uma empresa para a realização de vigilância armada contínua, feita por prestadoras mulheres.
Na Casa Violeta, as mulheres e crianças receberão a assistência de uma equipe contratada pelas organizações. O local também contará com o suporte de voluntárias.
A presidente da Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, explicou que o acolhimento transitório de mulheres e crianças se dá por meio de quatro fases concomitantes: implantação, acolhimento, manutenção e emancipação. A primeira fase compreende a estruturação, a qualificação e a adequação do espaço físico. A segunda ocorre de modo gradual, quando as mulheres ingressam no local, passam por entrevista de triagem, para avaliação do seu histórico, e depois são encaminhadas a uma escuta qualificada das respectivas áreas técnicas.
A terceira fase abrange a operação do dia a dia para a manutenção desse acolhimento transitório, o que inclui a gestão da equipe efetiva e do voluntariado.
A quarta fase ocorre a partir do ingresso na Casa Violeta, com o início do plano de emancipação – garantir o pós-abrigamento e a autossuficiência dessas famílias monoparentais femininas.
Fonte e foto: O Sul